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Van Gogh

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sábado, 16 de julho de 2016

Resignação

A vida por mais contraditória que seja
É quem nos ensina:
A tristeza não é circunstancial
Para derrotá-lá é preciso ludibriar o coração
Fechar os olhos para o mundo
E viver na  ilusão.

 A natureza não é perfeita
Não pode conter nossa ambição
Contra ela travamos todos os dias
Uma guerra de autodestruição
Quando, então, tudo parece não passar de um jogo
E nos convencemos de que realmente podemos triunfar...

Xeque-mate! Impiedosamente ela se retira
Para em outros palcos suas peças encenar

sábado, 4 de junho de 2016

O clarão da manhã acalma
O  frenesi tumulto da alma
Que a noite, escuridão insana provoca
De angústias a aflições ela me toca

E sozinha, espero a calada esbranquiçar
Enquanto a neve, alva e gélida, desperta
O que de menos gostaria de representar
Uma vida ilesa de agruras

Uma canção que não sabe ecoar
São todos sentimentos, infelizmente
Que sozinha não sei transpor

Pois a vida é um mistério, 
E com a experiência não posso contar
O que era novo já é velho e um dia vai passar.








quinta-feira, 26 de maio de 2016


"Rezar muito e ter fé. Porque as coisas estão todas amarradinhas em Deus."



Guimarães Rosa






domingo, 17 de abril de 2016

Gota a gota o tempo escorre
Plácido como um grito sufocado
Da agonia de uma alma sem gemido
Que nestas noites não te tens ao lado

Uma sombra de pesar paira sobre ti
Alertando-a dos percalços de uma vida
Que nasce tão bela quanto a rosa
Mas que sem chuva amanhece esmaecida

Até quando as lamúrias se propagarão
Desta alma sem razão e sem passado
Que perquire de cada coração

A intenção de tê-la ao teu lado
Até quando toda sua emoção
Se conterá em rimas de papel passado.

Mário Quintana

"Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente ... e não a gente a ele!"

domingo, 28 de fevereiro de 2016

A roda gira sem cessar

A roda gira, gira sem parar
No caminho encontra pedras
Há buracos pra desviar
Mas ainda assim, não para de rodar

A roda gira e gira sem parar
Há momentos de desgaste
Em que parece não suportar
Mas ainda assim, não para de rodar.

A roda gira e gira sem cessar
O tempo e a vida já lhe remodelaram
O formato intacto de outrora
E mesmo assim, a roda não para de girar.

A roda gira, gira e gira
O tempo sempre se esvai,
No caminho sempre há obstáculos
E o homem sempre aprende mais.

E mesmo assim, a roda gira sem parar
A roda gira e sempre girou
A vida passa e não para de passar
A vida é como a roda, que não para de girar.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Alma demagoga

A minha alma é pura demagogia
Hipocrisia, mentira e consolação
Pois às injustiças reage cada dia
Rezando e chorando em cima de um colchão

Minhas lágrimas não conseguem mais cessar
Há no mundo tantas dores pra sofrer
E as dores que elas querem consolar
São tão fortes, impossível esvanecer

Ainda assim, minha alma demagoga exorta
Chora e geme por toda sorte de dor
E foi na mais fria noite de inverno

Que a demagogia da minha alma se aflorou
Decidiu em parcas rimas protestar
A dor do frio embaixo de um cobertor.



domingo, 24 de janeiro de 2016

As duas flores ( Castro Alves)

São duas flores unidas
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!


domingo, 17 de janeiro de 2016

Sombras do alvorecer

Desperta-te!
Deste sono profundo,
Desta fúria insensata,
Desta falsa desgraça,
Que cativas o mundo.

Liberta-te!
Destes elos perdidos,
Que passeiam a esmo
Já não és mais o mesmo
Depois de ferido.

Esqueça-te!
Destes olhos divinos
Que são tão singelos
Quanto mais e mais belos,
Inocente desatino.

Ama-te!
Muito mais que à beleza
Ilusão que embriaga
Que nas mãos do tempo se apaga,
Deixando-te aspereza.

Vem!
E me dê um sorriso,
Deste semblante querido
Quero o afago esquecido
Que a morte não perdoou.

Adeus!
Mas antes faço-lhe o último pedido
Que aqueles verdes olhos pequeninos
Tão distantes e cristalinos
Nunca deixem de brilhar.