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Van Gogh

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domingo, 24 de janeiro de 2016

As duas flores ( Castro Alves)

São duas flores unidas
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!


domingo, 17 de janeiro de 2016

Sombras do alvorecer

Desperta-te!
Deste sono profundo,
Desta fúria insensata,
Desta falsa desgraça,
Que cativas o mundo.

Liberta-te!
Destes elos perdidos,
Que passeiam a esmo
Já não és mais o mesmo
Depois de ferido.

Esqueça-te!
Destes olhos divinos
Que são tão singelos
Quanto mais e mais belos,
Inocente desatino.

Ama-te!
Muito mais que à beleza
Ilusão que embriaga
Que nas mãos do tempo se apaga,
Deixando-te aspereza.

Vem!
E me dê um sorriso,
Deste semblante querido
Quero o afago esquecido
Que a morte não perdoou.

Adeus!
Mas antes faço-lhe o último pedido
Que aqueles verdes olhos pequeninos
Tão distantes e cristalinos
Nunca deixem de brilhar.